terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O canteiro e as dez florzinhas 10/10.

Depois de passar por várias experiências aprendendo as funções de algumas florzinhas, ainda faltava para a florzinha número cinco, aprender a função da número dez.     
E quando chegou o dia do aprendizado, a florzinha número cinco foi mais cedo do que o horário combinado e começou a observar tudo no local da número dez, percebeu que era muito diferente dos demais lugares onde passou para fazer outros aprendizado, para ela aquele lugar era o pior de todos, era um barracão enorme, de cor clara com poucas janelas só em um dos lados. Na parede do lado oposto das janelas, havia vários desenhos de retângulos em relevo, de tamanho médio e um de tamanho grande no canto. E de frente para esta parede desenhada havia três mesas pequenas, uma ao lado da outra e todas com uma cadeira.
Então a florzinha número cinco pensou:
-É do jeito que eu imaginava mesmo a função da número dez é a pior, pois trabalhar o dia todo sentada nesse lugar fazendo praticamente nada e ainda de costas para as janelas, deve ser muito ruim, acho que o jardineiro não vem aqui, se vem é só de passagem . Não vejo nada de interessante aqui, mas como vou passar só um pequeno período de aprendizado, não quero me preocupar com isso, e se uma dessas mesinhas for para mim, vou falar no início quero colocar a minha mesa de frente para as janelas.
Como a florzinha número cinco chegou muito cedo, ainda iria demorar a chegar o horário combinado com a número dez.
Continuou a andar no barracão, e não viu nada além das três mesas, então resolveu se aproximar das mesinhas, não havia nada sobre elas, apenas uma com gaveta, que estava trancada com fechadura digital com código de segurança, achou estranha uma mesa tão simples com fechadura tão segura.
Então ficou ali aguardando, olhando para a porta principal na esperança que a florzinha número dez chegasse antes do horário já que ela estava adiantada, mas de repente o desenho do retângulo maior no canto da parede se abriu, pois na verdade era uma porta de uma sala que havia atrás da parede, e saiu de lá o jardineiro e se aproximou da florzinha número cinco, ela ficou muito curiosa em saber o que havia naquela sala, e antes que o jardineiro falasse qualquer coisa, ela perguntou:
-Posso entrar para conhecer a sala que esta atrás da parede?
O jardineiro disse:
-Agora não, depois que você aprender a função da número dez, você saberá o que consta na sala que esta atrás da parede, no momento você não esta preparada.
Então a florzinha número cinco quis iniciar rapidamente o aprendizado, mas ainda não estava no horário, então falou para o jardineiro:
­-Quero iniciar logo o aprendizado.
Ele disse:
-Aguarda mais um pouco, até a florzinha número dez chegar.
Ela disse:
-Tudo bem eu aguardo, porém já quero dizer que caso eu for utilizar uma dessas mesas quero a minha com a frente para as janelas.
O jardineiro falou:
-Uma dessas mesas será utilizada por você no aprendizado, porém a mesa não será trocada de lugar, é necessário que as mesas fiquem como estão e saiu pela porta principal.
A número cinco ficou aguardando e a cada minuto que passava ela ficava mais ansiosa.
Então a número dez entrou pela porta principal, sorridente e muito animada convidou a número cinco para se aproximar das mesas. E mesmo depois de ter falado com o jardineiro sobre colocar as mesas de frente para as janelas e a resposta dele ser não, a cinco perguntou para a número dez, se poderia trocar as mesas de lugar ou somente a dela poderia ficar de frente para a janela.
A florzinha número dez disse:
-Não, pois para o aprendizado é necessário que as mesas fiquem no lugar que estão.
Antes que a número dez falasse qual das mesas a número cinco iria utilizar, ela sentou na mesa que tinha gaveta, e a número dez de maneira muito respeitosa falou:
-Você deve sentar na mesa da outra ponta, pois a mesa do meio é a do jardineiro e essa com gaveta é a minha.
A florzinha número cinco ficou surpresa, pois achava que o jardineiro pouco passava pelo local, jamais imaginou que ele ocupasse uma mesa ali. Depois que a número cinco sentou no lugar reservado para ela, a número dez começou a informar lhe como era a sua função, e como a número cinco deveria proceder.
O aprendizado começou com a florzinha número dez utilizando senhas para abrir a gaveta da sua mesa, e quando a gaveta abriu para a surpresa da florzinha número cinco havia lá um controle remoto moderno.
A florzinha número dez pegou o controle e com um simples toque todos aqueles desenhos de retângulos da parede se abriram como tela de tv e cada uma das telas mostrava imagens em tempo real de vários lugares, eram jardins, bosques e parques, grandes ou pequenos onde estivesse  uma florzinha a tela mostrava.
Para a florzinha número cinco quase todos lugares eram desconhecidos com exceção de um o seu próprio canteiro que também era mostrado na tela.
Então a cinco perguntou:
-Que lugares são esses que estamos acessando?
A dez respondeu:
-Alguns são canteiros de jardins como o nosso e outros são canteiros naturais, que fico observando, pois quando alguma espécie é tirada de forma desordenada logo entro em contacto com os distribuidores de pólen que fazem a reposição.
A número cinco ficou imaginando, tanta segurança para ficar observando canteiros, achou o serviço fácil.
Então perguntou:
-É  esse o seu trabalho? Observar por telas os canteiros ?
A número dez respondeu:
-Esta é uma parte, durante o aprendizado você verá a rotina toda do meu trabalho.
Enquanto conversavam, a número cinco viu o jardineiro na telinha regando um dos canteiros e falou:
-Olha o nosso jardineiro esta regando aquele canteiro.
A número dez disse:
-Sim, é ele.
Passou alguns instantes o jardineiro apareceu na tela adubando outro canteiro, a número cinco falou de novo:
-Olha o nosso jardineiro, novamente na tela agora adubando outro canteiro.
Ficou revoltada e continuou falando:
-É por isso que ele se ausenta tanto, porque fica cuidando de jardins enormes dos outros.
E foi assim o dia todo, a número dez passando informações de florzinhas feridas para o jardineiro, e ele as socorrendo e a número cinco reclamando.
A número dez não falou nada, de repente algumas florzinhas começaram a fazer seus trabalhos em diversos canteiros tudo dentro do normal, quando algumas florzinhas caíam e a número dez  percebia  através da tela, informava ao jardineiro que com muita rapidez as levantavam, outras estavam secando, o jardineiro lhes dava água, e as que não se recuperavam ali, o jardineiro as pegava no colo e as levavam para recuperação em um lugar especializado para isso.
E a número cinco falou novamente:
-É por isso que ele fica tanto tempo ausente, pois fica cuidando de canteiros enormes dos outros e o nosso que é pequeno fica sem cuidados.
A número dez com muita calma disse:
-Esses canteiros enormes que você esta vendo são do jardineiro também, e te digo mais, aqueles canteiros foram plantados no mesmo dia que o nosso, porém neles todas as florzinhas são unidas e por isso cresceram e ficaram bonitas, enquanto o nosso canteiro por faltar o elo do meio, pouco desenvolvemos.
A número cinco falou:
-Se o elo que você diz sou eu, então como sempre falei a minha função é a mais complicada, pois o pouco que sai já não conseguimos nos desenvolver.
A número dez argumentou:
-Todas as funções das florzinhas são importantes para o bom crescimento do canteiro, mas enquanto você ficou aprendendo as funções das demais florzinhas o seu lugar ficou vazio.
A número cinco falou:
-É, mas quando as florzinhas dos outros canteiros caem ou estão cansadas, o jardineiro as leva no colo para passear em um lugar, certamente arejado e seguro, enquanto eu não posso se quer sair do meu local, só sai porque argumentei muito, enquanto o jardineiro passeia com outras florzinhas.
A número dez cansada das reclamações da número cinco falou:
-Vamos conhecer a sala secreta atrás da parede.
A número cinco ficou contente pela possibilidade em saber o que havia atrás da parede, se levantou da cadeira bem rápido e chegou ao desenho de retângulo grande em relevo que era uma porta.
A número dez digitou uma senha e aquela porta abriu, a cinco ficou muito surpresa, pois na sala estava o jardineiro com várias florzinhas, algumas murchando, outras faltando pétalas, outras com outras partes danificadas. Eram muitos os problemas das florzinhas, algumas estavam se recuperando bem outras não, todas chorando por não poder mais ajudar os seus canteiros, o jardineiro as consolavam e restaurava cada uma, e tudo quanto ele fazia elas agradeciam.
A cinco vendo tudo aquilo ficou muito assustada, começou a andar entre as florzinhas debilitadas e a número dez sempre do seu lado. Se aproximou da número cinco uma florzinha bem antiga que parecia já ter trabalhado muito e perguntou para a número cinco:
-Qual o seu problema para estar aqui, você parece tão saudável?
A cinco disse:
-Só estou aqui para aprender a função da número dez e conhecer esta sala.
A florzinha antiga disse:
-Então você faz parte desse canteiro aqui do lado. Que bom aprender mais uma função assim você pode ajudar melhor o seu canteiro, bonita esta sua atitude, quando vi você chegando com a número dez, pensei que estava vindo para ser voluntária no atendimento aos feridos.       
A número cinco constrangida falou:
-Não posso ser voluntária tenho uma função no canteiro ainda.
A florzinha antiga disse:
-Pois quando eu estava em fase produtiva sempre fiz o possível para fazer a produção da minha função e ainda sobrava tempo para ajudar aos feridos dessa sala como voluntária.
A número cinco ficou maravilhada em ver aquela florzinha tão antiga ajudando as demais, quis saber mais sobre ela, e perguntou:
-E o seu canteiro qual é?
Ela respondeu:
-O meu canteiro já foi replantado novamente, pois as minhas companheiras de canteiro todas já morreram e o jardineiro replantou o canteiro, ele até quis que eu ficasse lá no canteiro novo, e disse que eu poderia ficar na mesma função que eu exercia, que ele não plantaria uma nova semente no meu lugar, porém mesmo  eu gostando muita da minha função, achei melhor ficar aqui como voluntária e deixar outra florzinha desfrutar do privilégio de participar de um grupo de canteiro e exercer aquela função tão maravilhosa.
A número cinco pensou:
-Certamente ela exercia a função de número um.
E curiosa continuou perguntando sobre a vida da florzinha antiga.
-De qual canteiro a senhora era?
A florzinha antiga com um grande sorriso estampado no rosto respondeu:
-Esse mesmo aqui do lado, que hoje você participa.
A cinco fez mais uma pergunta:
-Qual a era a sua função?
A florzinha antiga respondeu:
-A melhor função do canteiro, a número cinco.
A florzinha número cinco muito surpresa disse:
-A função número cinco não é a melhor.
A antiga disse:
-É sim, pois eu ficava bem no meio que é um lugar maravilhoso, conseguia ver todas minhas companheiras tanto de um lado como do outro, quando uma desanimava, do meu local eu conseguia falar algo para animá-la, quando estavam cansadas conseguia ajudá-las, pois por estar no meio estava próximo de todas e nos dias de vento e chuva forte estava ali na minha função bem forte fazendo o elo de segurança, e quando alguma por algum motivo estava descontente com sua função e criticando, eu sempre consegui a mostrar que todas as funções eram importantes e era fácil, pois faz parte da função cinco, unir por ficar bem no centro, e é bem útil.
E perguntou para a florzinha cinco:
- Jovem e qual é a sua função no canteiro?
A cinco jovem respondeu:
-A função cinco.
A florzinha antiga ficou tão feliz e disse:
-Agora entendi porque você esta aprendendo outras funções, para melhor servir ao canteiro, e eu não tive essa ideia quando estava na fase produtiva, ainda bem que eu não fiquei no canteiro novo, você esta exercendo melhor a função do que eu no passado.
A cinco jovem olhou para a número dez e para o jardineiro que estavam próximo e com muita vergonha pediu para sair daquela sala, e quando saíram estava lá na frente da porta todas as florzinhas do canteiro, pois o jardineiro as convocou para uma reunião por ser o último dia de aprendizado da número cinco jovem, e todas sem exceção colocaram as funções a disposição da número cinco jovem caso ela quisesse trocar de função.
O jardineiro falou:
-Quando convoquei esta reunião todas falaram que se você escolher os cargos delas, estavam dispostas a trocar com você pela função cinco.
Ela muito emocionada agradeceu a todas e ao jardineiro, reconheceu que sua atitude prejudicou o crescimento do canteiro, pediu para a número dez abrir mais uma vez a porta da sala secreta, a dez abriu, então pediu para a número cinco antiga sair e a apresentou  para as que não a conhecia no canteiro, e falou para a cinco antiga tudo o  que havia feito de errado e falou para as outras como a cinco antiga agia no passado e falou para o jardineiro:
-Se eu voltasse para o canteiro seria na função cinco, porém se o senhor aceitar quero trocar com a cinco antiga ela fica no canteiro e eu fico de voluntária ajudando as que estão feridas.
Antes que alguém falasse alguma coisa a número cinco antiga falou para cinco jovem:
-Eu não aceito essa troca, pois o meu tempo de canteiro já passou e agora é sua vez de ocupar a função cinco atual e o que você tem que fazer no canteiro outra não faz, agora que você sabe como agir na função cinco, será melhor que eu, pois além de aprender outras funções aprendeu grandes lições.
E todos concordaram.
Então a número cinco antiga voltou para atender os feridos, e a cinco atual ficou no canteiro.
Antes de encerrar a reunião, todos se abraçaram e a cinco atual falou:

-Hoje eu percebo que a numeração é apenas para organizar funções, e reconheço que por estar preocupada na rotina das outras funções não fiz o que deveria fazer na minha função, e digo que agora vou me esforçar muito, não só por mim, mas por todo o canteiro, pois o tempo passa muito rápido e somos nós que escolhemos, se o elegemos como nosso amigo ou como nosso inimigo.

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