Quando chegou o dia da florzinha
número cinco aprender a função da número sete, ela foi até o local muito
triste, porque continuava achando que as demais florzinhas eram mais
privilegiadas, até mesmo a seis que era após ela tinha função melhor do que a
dela, embora tenha passado um grande
susto quando aprendeu a função da número seis.
Ela demonstrava claramente que
não estava contente em aprender a função da número sete, porque muitas vezes
via a número sete passar em vários horários do dia com uma enorme
mochila, pensava que a número sete fazia entregas.
Logo que chegou a número sete
informou:
-Nesta
função é necessário agilidade e sabedoria.
E pegou
uma mochila e passou para a cinco e disse:
-Vamos.
A
número cinco pensou:
-Vou
fazer as entregas. Mas percebeu que a mochila estava vazia.
Então
perguntou:
-Aonde vamos?
A
número sete respondeu:
Trabalhar,
pois já estamos nos atrasando e na minha função temos que sair do local de
origem, e visitar todas as outras florzinhas com exceção de uma por ordem do
jardineiro.
A cinco
surpresa, perguntou:
-Como
faremos as entregas, se mochila esta vazia?
A sete
disse:
-Não
vamos fazer entregas, e sim coletas.
A cinco
perguntou:
-Fazer
coleta do que?
A sete
respondeu:
-De pólen.
Vou te explicar a rotina da minha função, todos os dias passo em todas as
florzinhas do canteiro para recolher pólen, pois todas entregam produção por
hora. E a quantidade da produção a ser entregue é variada, dependendo da função
é estipulado o quanto de pólen será entregue, então a cada hora passo e recolho
a produção, faço isso por oito horas seguidas, coloco toda produção do dia
juntas no mesmo recipiente e no final do dia faço a divisão em embalagens que
constem o mesmo peso e o mesmo tamanho.
A cinco
ouviu tudo o que a sete disse. Então falou:
- Era bem como eu pensava mesmo, aqui
no canteiro tem algumas flores que são mais privilegiadas.
A sete
disse:
-Não é privilégio,
sim fazer o que é justo, a que tem a função mais complicada, entrega menos
pólen, e as que tem condições de entregar mais assim fazem. Eu por exemplo que pego
a produção do canteiro inteiro, sou a que entrego menos produção.
A cinco
disse:
-Você
faz uma caminhada pelo canteiro, e por isso entrega menos, esse teu serviço é
muito fácil e não tem esforço. Então eu tenho razão, sempre disse que a minha função
era a mais difícil, fico bem no meio fazendo a junção, e acho justo que nunca
me foi solicitado produção de pólen.
A sete disse:
-Eu sei
que nunca lhe foi solicitado produção de pólen, afinal sou eu que recolho todos
os dias desde o início. E quando disse que havia uma exceção era de você que eu
me referia.
E
continuaram a recolher os polens, e quando terminaram de recolher a primeira
hora da produção ainda não estavam cansadas, quando passou a segunda hora, a
terceira, a quarta,a quinta na sexta hora a número cinco disse:
-Chega
por hoje, estou muito cansada.
A sete
disse:
-Hoje
esta menos cansativo, estamos carregando em duas, o que normalmente carrego
sozinha e não podemos parar ainda faltam dois recolhimentos, pois são oito por
dia e não posso deixar de recolher,pois se passar a noite sem recolher o sereno
molha e estraga.
A cinco
disse:
-Estou
muito cansada, julguei sua função, percebi que ela é importante e cansativa.
A sete
se compadecendo da cinco disse:
-Descansa
um pouco até a hora da próxima produção.
A sete
na hora de pegar as produções que faltavam, preferiu deixar a cinco descansando,
pois mostrava claramente que estava exausta a ponto de não perceber quando a
sete fez os dois recolhimentos que faltavam.
Quando
a sete chegou da última produção do dia chamou a cinco para começar a embalar.
A cinco
perguntou:
Podemos
deixar para embalar amanhã?
A sete
disse:
-Não.
E
explicou:
-Não
podemos deixar para amanhã, porque hoje ainda temos que passar a produção
separada, pesada e embalada para o número oito, porque todos os dias bem cedo
ela inicia o trabalho e sempre com a produção do dia anterior.
A cinco
pensou em perguntar o porquê, depois lembrou que a oito seria a próxima função
que iria aprender, preferiu não perguntar nada sobre a rotina da número oito. E
ainda faltava ela aprender o processo de separar, pesar e embalar.
A sete
então explicou o processo:
-Pesamos
todos os polens juntos dividimos em partes iguais e com o mesmo peso após isso
embalamos.
Questionando
esta atitude a cinco perguntou:
-Por
que algumas florzinhas tem que produzir mais pólen do que outras se no fim é
colocado tudo junto e embalado com o mesmo peso?
E
continuou falando:
-Certamente
as florzinhas não sabem disso, pois entregam os pólens tão satisfeitas, e não
sabem que algumas produzem mais e outras menos.
A sete
cansada de ouvir reclamações o dia todo então falou:
-As
florzinhas sabem de tudo, que algumas produzem mais e outras menos e que você
não produz nada.
A cinco
ficou muito surpresa, e perguntou:
-Como
sabem de tudo isso?
A sete disse:
-Quando
o jardineiro percebeu que estávamos na fase de produzir pólen ele resolveu
fazer uma reunião para nos informar a quantidade de produção de cada uma, e até
perguntaram de você e da sua produção.
Ele
disse que não iria solicitar produção para você, e que depois se preciso ele
falaria com você a parte.
A
florzinha número cinco, muito zangada foi até o jardineiro.
Chegando
lá já perguntou:
-Por
que houve uma reunião que eu não fui convidada? E por que achou que eu não
seria capaz de entregar produção?
Ele
disse:
-Eu
sabia que um dia você questionaria esse assunto. Então vou responder suas perguntas.
Fiz reunião sem convida-la, pois sabia que você não iria gostar de entregar produção,
a quantidade da produção e também os horários a serem entregues. Resolvi deixar
você sem entregar produção, por você ser do meio ficaria reclamando e
desmotivaria as demais.
Ela
perguntou:
-E o
que acontece com a minha parte?
Ele
disse:
-Dividi
o que seria para você fazer em partes iguais com as outras e elas aceitaram, e
fazem a sua parte.
Ela
ficou surpresa com a amizade e companheirismo das outras, e retornou para a
função da número sete.
Ao
chegar a sete, percebeu que o trabalho do dia já havia encerrado, pois a sete
dividiu,pesou e embalou todos os pólens.
Então
percebeu que estavam fazendo o serviço por ela, e notou que às vezes o
privilégio e descanso de um é por sacrifício de outros.