domingo, 4 de maio de 2014

O canteiro e as dez florzinhas, 7/10

Quando chegou o dia da florzinha número cinco aprender a função da número sete, ela foi até o local muito triste, porque continuava achando que as demais florzinhas eram mais privilegiadas, até mesmo a seis que era após ela tinha função melhor do que a dela, embora tenha  passado um grande susto quando aprendeu a função da número seis.  
Ela demonstrava claramente que não estava contente em aprender a função da número sete, porque muitas  vezes  via a número sete passar em vários horários do dia com uma enorme mochila, pensava que a número sete fazia entregas.           
                Logo que chegou a número sete informou:      
                -Nesta função é necessário agilidade e sabedoria.
                E pegou uma mochila e passou para a cinco e disse:
                -Vamos.
                A número cinco pensou:                                            
                -Vou fazer as entregas. Mas percebeu que a mochila estava vazia.
                Então perguntou:
                -Aonde vamos?
                A número sete respondeu:
                Trabalhar, pois já estamos nos atrasando e na minha função temos que sair do local de origem, e visitar todas as outras florzinhas com exceção de uma por ordem do jardineiro.
                A cinco surpresa, perguntou:
                -Como faremos as entregas, se mochila esta vazia?
                A sete disse:
                -Não vamos fazer entregas, e sim coletas.
                A cinco perguntou:
                -Fazer coleta do que?
                A sete respondeu:
                -De pólen. Vou te explicar a rotina da minha função, todos os dias passo em todas as florzinhas do canteiro para recolher pólen, pois todas entregam produção por hora. E a quantidade da produção a ser entregue é variada, dependendo da função é estipulado o quanto de pólen será entregue, então a cada hora passo e recolho a produção, faço isso por oito horas seguidas, coloco toda produção do dia juntas no mesmo recipiente e no final do dia faço a divisão em embalagens que constem o mesmo peso e o mesmo tamanho.
                A cinco ouviu tudo o que a sete disse. Então falou:
- Era bem como eu pensava mesmo, aqui no canteiro tem algumas flores que são mais privilegiadas.
                A sete disse:
                -Não é privilégio, sim fazer o que é justo, a que tem a função mais complicada, entrega menos pólen, e as que tem condições de entregar mais assim fazem. Eu por exemplo que pego a produção do canteiro inteiro, sou a que entrego menos produção.
                A cinco disse:
                -Você faz uma caminhada pelo canteiro, e por isso entrega menos, esse teu serviço é muito fácil e não tem esforço. Então eu tenho razão, sempre disse que a minha função era a mais difícil, fico bem no meio fazendo a junção, e acho justo que nunca me foi solicitado produção de pólen.
                A sete disse:
                -Eu sei que nunca lhe foi solicitado produção de pólen, afinal sou eu que recolho todos os dias desde o início. E quando disse que havia uma exceção era de você que eu me referia.
                E continuaram a recolher os polens, e quando terminaram de recolher a primeira hora da produção ainda não estavam cansadas, quando passou a segunda hora, a terceira, a quarta,a quinta na sexta hora a número cinco disse:
                -Chega por hoje, estou muito cansada.
                A sete disse:
                -Hoje esta menos cansativo, estamos carregando em duas, o que normalmente carrego sozinha e não podemos parar ainda faltam dois recolhimentos, pois são oito por dia e não posso deixar de recolher,pois se passar a noite sem recolher o sereno molha e estraga.
                A cinco disse:
                -Estou muito cansada, julguei sua função, percebi que ela é importante e cansativa.
                A sete se compadecendo da cinco disse:
                -Descansa um pouco até a hora da próxima produção.
                A sete na hora de pegar as produções que faltavam, preferiu deixar a cinco descansando, pois mostrava claramente que estava exausta a ponto de não perceber quando a sete fez os dois recolhimentos que faltavam.
                Quando a sete chegou da última produção do dia chamou a cinco para começar a embalar.
                A cinco perguntou:
                Podemos deixar para embalar amanhã?
                A sete disse:
                -Não.
                E explicou:
                -Não podemos deixar para amanhã, porque hoje ainda temos que passar a produção separada, pesada e embalada para o número oito, porque todos os dias bem cedo ela inicia o trabalho e sempre com a produção do dia anterior.
                A cinco pensou em perguntar o porquê, depois lembrou que a oito seria a próxima função que iria aprender, preferiu não perguntar nada sobre a rotina da número oito. E ainda faltava ela aprender o processo de separar, pesar e embalar.
                A sete então explicou o processo:
                -Pesamos todos os polens juntos dividimos em partes iguais e com o mesmo peso após isso embalamos.
                Questionando esta atitude a cinco perguntou:
                -Por que algumas florzinhas tem que produzir mais pólen do que outras se no fim é colocado tudo junto e embalado com o mesmo peso?
                E continuou falando:
                -Certamente as florzinhas não sabem disso, pois entregam os pólens tão satisfeitas, e não sabem que algumas produzem mais e outras menos.
                A sete cansada de ouvir reclamações o dia todo então falou:
                -As florzinhas sabem de tudo, que algumas produzem mais e outras menos e que você não produz nada.
                A cinco ficou muito surpresa, e perguntou:
                -Como sabem de tudo isso?
                A sete disse:
                -Quando o jardineiro percebeu que estávamos na fase de produzir pólen ele resolveu fazer uma reunião para nos informar a quantidade de produção de cada uma, e até perguntaram de você e da sua produção.
                Ele disse que não iria solicitar produção para você, e que depois se preciso ele falaria com você a parte.
                A florzinha número cinco, muito zangada foi até o jardineiro.
                Chegando lá já perguntou:
                -Por que houve uma reunião que eu não fui convidada? E por que achou que eu não seria capaz de entregar produção?
                Ele disse:
                -Eu sabia que um dia você questionaria esse assunto. Então vou responder suas perguntas. Fiz reunião sem convida-la, pois sabia que você não iria gostar de entregar produção, a quantidade da produção e também os horários a serem entregues. Resolvi deixar você sem entregar produção, por você ser do meio ficaria reclamando e desmotivaria as demais.
                Ela perguntou:
                -E o que acontece com a minha parte?
                Ele disse:
                -Dividi o que seria para você fazer em partes iguais com as outras e elas aceitaram, e fazem a sua parte.
                Ela ficou surpresa com a amizade e companheirismo das outras, e retornou para a função da número sete.
                Ao chegar a sete, percebeu que o trabalho do dia já havia encerrado, pois a sete dividiu,pesou e embalou todos os pólens.

                Então percebeu que  estavam fazendo o serviço por ela, e notou que às vezes o privilégio e  descanso de um é por sacrifício de outros.